Nos anais da Assembleia de Deus em Mossoró e região, e
também do vizinho estado do Ceará, ficarão gravados recortes da história de
vida do pastor Francisco José da Silva, um homem que pertenceu a uma geração
para qual não havia distância nem obstáculos, que não pudessem ser transpostos.
A pé, de bicicleta, carroça, caminhão, na chuva, nos tempos de seca, sob sol
causticante, homens e mulheres trilhavam por veredas, caminhos e atalhos para
levar uma palavra de paz aos corações aflitos.
A linha dessa história terrena terminou na madrugada da segunda-feira,
dia 25 de maio, quando o pastor Francisco José, de 92 anos, foi elevado às
mansões celestiais, conforme comunicou o presidente da Assembleia de Deus em
Mossoró e região, pastor Francisco Cícero Miranda. Um quadro de insuficiência
respiratória, em virtude da Covid-19, fragilizou a saúde física do pastor
Francisco José.
Antes enfrentar problemas de saúde, o pastor Francisco José da Silva, dedicou
a vida à obra do Senhor. Nos últimos anos, ele cooperava na distribuição do
jornal A Voz da Assembleia de Deus em empresas e repartições públicas de
Mossoró, bancos, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Denit),
Delegacias de Polícia, Polícias Rodoviárias, Cartórios, Juizados, Receita
Federal, Justiça Civil e Federal. Um trabalho que realizava – segundo dizia –
por amor ao Senhor Jesus.
No trabalho de evangelização pessoal, o pastor
Francisco José distribuía bíblias, harpas cristãs e panfletos com mensagens
evangelísticas. Sem medir esforços, levou o conteúdo da palavra a pessoas de
diferentes níveis sociais, ricos e pobres, no intuito contribuir com o
engrandecimento do reino de Deus.
Liderança em igrejas, no Ceará e RN, missões
regionais e evangelização em repartições e empresas marcaram ministério
Pastor Francisco José em visita a congregação de Alagoinha, no Ceará
Em quase 50 anos de conversão, o pastor Francisco
José serviu aos ministérios da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte e no
Ceará. Em 1969, ele se mudou para Fortaleza, ao lado da esposa, irmã Narcisa
Nilza de Lemos Silva, e dos 5 filhos. Lá, começou a servir ao Senhor como
porteiro da AD Bairro Bom Jardim. Um pastor identificado como Ezequias o
convidou para ser obreiro na cidade de Miraima, de 1971 a 1974. No mesmo ano,
assumiu a direção do trabalho em Novolinda, época em que os cultos ocorriam na
sua residência e nas casas dos irmãos.
Após revelação profética de uma irmã de oração,
Francisco José iniciou a jornada pastoral em Quixeré. Tempo no qual construiu a
sede da AD naquele município, situado na localidade de Alagoinha, e outro
templo na cidade. Por três vezes tentou alugar uma casa para começar a evangelização,
mas o padre de Quixeré o impedia de realizar cultos e pressionava pessoas para
que não locassem imóveis. Ao perceber que o padre exercia forte influência e a
população o obedecia, o obreiro Francisco José se tornou amigo pessoal do
padre, e superou as barreiras iniciais.
Mas, Francisco José enfrentou resistência
semelhante para realizar cultos na localidade de Alagoinha. Então, planejou uma
estratégia e usou câmera fotográfica para entrar em sítios e fazendas. A Arte
da fotografia abriu as portas para a palavra de Deus. Com paciência, o pastor
Francisco José conquistou a confiança de seguidores da fé católica e os ganhou
para Jesus. Ele permaneceu como pastor em Quixeré e comunidades vizinhas, até o
ano de 1988. Depois, voltou a Mossoró e dirigiu na AD Largo Educacional II
(Bairro Santo Antônio).
Convidado pelo então presidente da AD em Mossoró,
pastor João Gomes da Silva, e pelo pastor Francisco Coriolano Neto, líder da AD
no município de Serra do Mel, irmão Francisco José assumiu, entre 1997 a 2000)
os trabalhos nas vilas Paraíba, Tocantins e Carajás (onde iniciou a construção
de um templo).
De volta do município de Serra do Mel para Mossoró,
passou a compor a equipe missionária coordenada pelo pastor José Hermínio
Pereira e, depois, serviu na distribuição do jornal A Voz da Assembleia de Deus
em empresas e repartições públicas. Enquanto teve saúde e vigor, cumpriu o
chamado para o qual Deus o vocacionou: o da evangelização.
Uma história de vida com a proclamação do evangelho
como razão de ser
Um momento família, com filhos e netos, em casa
Francisco José da Silva nasceu em Mossoró, no dia 5
de fevereiro de 1928, exatamente no ano da oficialização da Assembleia de Deus
neste município. Começava ali uma história de vida que teria na proclamação do
evangelho a razão de ser.
Quarenta anos depois, em 1968, Francisco José
passava por um local onde a Assembleia de Deus Boa Vista realizava um culto em
via pública. Mesmo sob efeito de bebida alcoólica, ao ouvir o hino Conversão,
número 15 da Harpa Cristã, Francisco José sentiu uma chama arder no peito e fez
a decisão para Cristo.
Ao chegar em casa, relatou à sua esposa, a irmã Narcisa
Nilza de Lemos Silva (saudosa memória), a decisão que tomara. A irmã Nilza duvidou que
ele viesse permanecer firme na fé, provavelmente em virtude da dependência da bebida. Porém, no dia seguinte, ele lembrou do que
tinha ocorrido e chamou a esposa para ir à igreja. Os passos daquele homem,
antes incertos, encontraram firmeza para seguir o Senhor Jesus, numa nova
caminhada.
A união do pastor Francisco José e a irmã Nilza gerou
6 filhos, treze netos e cinco bisnetos. Os filhos são Célia Lúcia da Silva
Xavier, Armando Lemos da Silva, Vera Lúcia Lemos da Silva Santos, Ceriomar
Lemos da Silva, Moisés Lemos da Silva e Maiara Honorato de Sousa. Maiara é
fruto do amor do casal que a adotou quando o pastor Francisco José estava em
Quixeré. A adoção ocorreu junto a uma família carente daquele município cearense.
O pastor Francisco José ficou viúvo em abril de
2013. Cinco anos depois, em dezembro de 2018, ele se casou com a irmã Maria
Auxiliadora. Atualmente, o pastor Francisco José se congregava na AD Boa Vista III,
em Mossoró.